Faixa da esquerda da Marginal Botafogo em Goiânia. O carro da frente para. Como sempre tento manter uma distância razoável do veículo à frente, paro tranquilamente. O carro que vinha atrás já não parou tão tranquilo, freou bruscamente, porém parou. Deu um alívio danado não sentir a pancada após o som da frenagem.
Mal pude desfrutar do alívio, pois um caminhão começou a crescer rapidamente no meu retrovisor. Pensei que era o fim. Pensei que morreria esmagado em meio ao abalroamento que sucederia daquelas toneladas nos empurrando. Ouve-se uma estridente frenagem e, ao fim dela, uma manobra impressionante que nos tira o caminhão da rota de colisão. O motorista jogou o veículo para direita a poucos metros antes de colidir com o carro da frente. A faixa da direita estava milagrosamente desocupada. Nada interferiu na manobra do caminhoneiro.
Quando meu sangue voltou a circular, assim como o trânsito, pensei em alcançar o caminhoneiro para lhe parabenizar pela manobra. Sabendo que seria difícil emparelhar ao seu lado para tentar sinalizar algo, desisti depois de raciocinar mais um pouquinho e perceber que ele, para chegar ao ponto de ter que produzir aquele som hediondo de frenagem, estava muito distraído ou muito rápido para aquela via limitada a 80 km/h.
Cheguei ao trabalho meio que tremendo. Duas horas depois tinha que entrar no carro novamente. Precisava ir ao Paço Municipal, mas uma chuva se precipitou naquele momento e senti medo de dirigir na chuva. É isso. Parece que estou com medo de dirigir. Habilitado desde 2002 e agora me aparece isso, medo de dirigir em 2019.
Um fato importante a se relatar é que acabei de pegar o carro na oficina ontem. Há um mês um motorista de aplicativo, procurando o endereço de seu solicitante, não me viu e bateu sem mesmo frear. O motorista, um senhor de 70 anos, saiu do carro se desculpando assumindo a culpa do ocorrido e dizendo que tinha seguro do carro.
Escrevi isso correndo só pra não deixar essa experiência traumática passar sem relato. Vai perdoando aí a falta de coerência e demais poréns.