“De moto não vale meu amigo kkkk… está enganando vc mesmo blz..”
Ele havia perdido o posto de Rei da Montanha ou KOM – King of Mountain, em um segmento. Sua marca anterior era de 13 segundos, fazendo os mesmos numa média de 36,5 km/h. Eu havia o superado por 10 segundos com uma média de mais de 100 km/h! Ou seja, impossível de se fazer de bicicleta. Ele observou algo fora da curva, o tempo e a velocidade em uma subidinha chata, mas não utilizou o bom senso. Explico.
No aplicativo, ou no site da rede social, é possível denunciar a atividade de outrem quando é notado um comportamento estranho como o que eu produzi. No caso 130 metros em subida com média de mais de 100 km/h. A denúncia é um recurso muito utilizado, pois algumas pessoas esquecem de desligar o registro de atividade e colocam suas bicicletas no carro no final de um pedal, por exemplo, e continuam andando por aí como se estivessem pedalando. Esse é o mais clássico dos exemplos envolvendo recordes exorbitantes no Strava.
Não havia necessidade alguma dele fazer esse comentário, público, na atividade me chamando atenção pela forma como lido com meus objetivos (como ele deduziu). Há motivos para existir denúncia anônima. Ninguém quer ser retaliado, mas parece que esse rapaz queria. Era só ter denunciado a atividade. Simples, mas não, ele queria me dar uma lição. Seu ego estava ferido. Tinha perdido sua coroa.
Por um acaso essa atividade é de 2012, um ano após meu retorno as pedaladas. O comentário dele foi feito agora em agosto de 2019. Seria essa uma reclamação com sete anos de atraso? Não, não era. Quando fiz essa atividade eu ainda tinha uma bike bem simples, com mais de 15kg, e utilizava outro aplicativo para rastrear minhas atividades físicas, o Endomondo. Para tal utilizava um smartphone, um Samsung Galaxy 3. O segmento em questão está na rua Acrimbold entre a rotatória da avenida Cândido Portinari e a rua André Masson, no setor Gentil Meireles aqui em Goiânia. No dia do recorde eu nem mesmo comecei o segmento na rotatória como deveria. Entrei no trecho já praticamente no meio dele, uma esquina antes. Os piores metros já estavam superados, já que se trata de uma baita duma rampa saindo da rotatória, sentido Morro do Além. Pra piorar tudo, e consequentemente enlouquecer a velocidade aferida, o GPS falhou e registrou como se eu tivesse cruzado, na diagonal, um quarteirão inteiro.
Como disse acima, a atividade em questão foi feita em 2012 e nesse ano eu não usava o Strava. Como essa atividade foi parar lá? Simples. Esses dias atrás, coisa de uns dois meses, resolvi acessar o Endomondo e de lá extraí todos os arquivos de atividades que tinha registrado até a compra do meu Garmin Edge 800, um GPS específico para ciclismo. De posse dos arquivos, GPX, os subi para o Garmin Connect, que é a plataforma/rede social para usuários de dispositivos Garmin. Já do Garmin Connect, os arquivos são automaticamente enviados ao Strava. Ou seja, subi dezenas de atividades de 2012 para o Strava em 2019. Meu erro foi não ter revisado nenhuma delas.
Assim que vi o que tinha ocorrido enviei uma mensagem, até grande, para o rapaz, explicando o por que daquilo ter acontecido e que se tivesse tomado conhecimento anteriormente já teria excluído a atividade. Expliquei também que era desnecessário me expor daquela forma “De moto não vale meu amigo kkkk… está enganando vc mesmo blz..” já que nem a parte da moto e nem a parte de me enganar estavam corretos. Disse que aguardaria uma resposta para então apagar a atividade. Horas depois ele me responde:
“Por isso mesmo vc teria q ser o primeiro a apagar a atividade…como cita no item 3.. só acho q o melhor do Strava é superar limites não acha meios mais fáceis ok..Bom dia”
Bicho, “só acho que o melhor do Strava é superar limites não acha meio fáceis ok..” Sério? Fiquei puto! Putasso! Perguntei se ele tinha lido o que tinha lhe enviado e caso não tivesse compreendido lhe explicaria novamente. Aguardei a dúvida dele e não obtive resposta. Esperei mais duas horas e como tinha dito a ele, apaguei a atividade para que o mesmo voltasse a reinar no segmento.
Pois bem, após apagar a atividade aguardei mais alguns minutos para ver se o Strava já havia feito a atualização do reinado do segmento e sim, excluíram meu recorde errático. Só que reparei algo muito engraçado. Quase dei trelas de rir quando vi o resultado atualizado. Vejam no print:
Desse jeito! Três pessoas empatadas em primeiro lugar. Três indivíduos dividindo a coroa de Reis da Rotatória – Morro do Além. Dentre estes eu e o rapaz que fez a reclamação. Mas o Strava que não é bobo já tratou de deixar claro qual a ordem deve ser seguida. Como consta no print, a rede divide os três pela data da conquista. O primeiro em 30 janeiro de 2017, eu em 30 de julho de 2018 e quem reclamou vem logo depois, dia 31 de março de 2019.
Pra tanta reclamação achava que o cara era o pica das galáxias do segmento mas não, até eu, alguém que supostamente usa a moto pra conseguir os KOMs, consegue subir como ele.
Ô dó!
Qualquer dia desses escrevo mais coisas sobre o Strava. Apesar da chateação do episódio descrito, há muito mais prós que contras com esse aplicativo.
Inté!